terça-feira, 11 de outubro de 2011

PROJETO CONHECENDO O CÂNCER: UM CAMINHO PARA A VIDA


Flavia Augusta das Neves
Carmem Holanda[1]



1- Contexto do Relato
Esse trabalho trata de uma experiência desenvolvida  na Escola Estadual de Ensino Médio Dom Gino Malvestio, com duas turmas de estudantes da 1ª série do Ensino Médio, envolvendo os professores responsáveis pelos componentes curriculares da área de Ciências Naturais e Biologia, coordenação pedagógica da referida escola.

2- Detalhamento das atividades
         É importante mencionar o interesse que despertou nos professores e na equipe diretiva da escola, o desenvolvimento dos conteúdos dentro de uma nova organização do currículo escolar, denominada de Situação de Estudo, a qual foi mais bem compreendida a partir de encontros realizados com os professores da referida instituição
A partir do conhecimento desta proposta produziu-se a SE “Conhecendo o câncer: um caminho para a vida”, que permitiu reorganizar e desenvolver os conteúdos da área de Biologia, de ciências, de forma a desencadear uma aprendizagem que possibilite o entendimento de um problema da comunidade: o câncer.
A construção dessa Situação de Estudo iniciou-se através da definição de um tema de interesse dos estudantes e da comunidade escolar, seu estudo aprofundado e a organização inicial de uma proposta pedagógica que fosse possível ser desenvolvida em sala de aula. O trabalho teve continuidade e exigiu a organização de um grupo de estudo constituído por professores de Ciências e Biologia e coordenação pedagógica .

               Iniciou-se com informações básicas sobre o câncer e posteriormente os estudantes e professores realizaram uma pesquisa sobre os diversos tipos  de câncer
              
               A partir dessa pesquisa os estudantes elaboraram um relatório e  posteriormente desenvolveram um trabalho interdisciplinar, em grupo, relacionado ao Câncer o qual foi apresentado para toda a escola e comunidade.

         Em sala de aula trabalharam-se os conceitos relacionados a SE:

Fatores de risco; tratamento (quimioterapia e radioterapia) bem como efeitos colaterais; substâncias utilizadas no tratamento do câncer; elementos radioativos e radiação; células e mutações; sistema imunológico; planos de saúde disponibilizados à população (coleta de dados e análise de custos)

3- Análise do relato:
Este trabalho representa, para todo o grupo de professores, um desafio e implicou em desenvolver uma organização curricular bastante diferente da forma que estávamos acostumadas a trabalhar.
Os pontos positivos a serem ressaltados são o envolvimento dos estudantes no encaminhamento e realização das atividades e sua participação durante as discussões, bem como na busca de informações fora da sala de aula para o enriquecimento das conversas.
No decorrer das atividades os estudantes desenvolveram pequenos projetos relacionados ao tema câncer. Nesses projetos cada grupo, orientado por professoras da escola  buscaram aprofundamento em questões mais especificas sobre essa temática.
O esforço dos professores para discussão de suas práticas de sala de aula exigiu um espaço democrático participativo, em que as diferentes falas manifestam as angustias do novo, as experiências, os desejos e interesses manifestados por cada professora, no seu grupo de colegas, numa atitude de troca de saberes vivenciados na experiência profissional.
Essa idéia de compartilhar saberes é reforçada por NÓVOA, pois segundo o autor: “É preciso fazer um esforço de troca e de partilha de experiência de formação, realizadas pela escola e pela instituição de ensino superior, criando uma nova proposta.
Nóvoa  defende a idéia do valor da participação dos professores na construção de sua autonomia pessoal e profissional e, para isso, é necessário recriar espaços de diálogo. O mesmo autor incentiva e estimula a ação do professor, na dimensão do coletivo, para romper com o isolamento e o individualismo da profissão docente, tendo como objetivo o “desenvolvimento profissional dos professores”.
A idéia de coletivo de professores, organizados para troca de experiências, é um aspecto fundamental ao se propor qualquer projeto de educação, pois as atividades vividas no individual não produzem mudanças significativas. É necessário que haja um grupo de interessados no desenvolvimento de propostas alternativas de organização curricular, com vontade política e com desejos coletivos de mudanças na prática pedagógica.
         Para MARQUES, a preocupação central do currículo não é a soma ou acúmulo de disciplinas, mas a preocupação com que todos os saberes e valores trabalhados pela escola sejam articulados de forma abrangente/integrante, como sintetiza:
“O que importa não é o ensino das disciplinas como pacotes prontos e bem amarrados, mas cada período letivo, cada estágio do ensino-aprendizagem entendido e encarado como unidade operacional básica em que uma turma de alunos e uma equipe de professores programem uma unidade de experiências próprias e de recorrências conceituais e temáticas a que concorram as diversas disciplinas, não a partir de si mesmas, mas a partir das experiências daquele estágio e daquela determinada situação de aprendizagem” ( MARQUES, 1995, p.117)

         A construção de espaços de interação, aproveitando as dificuldades e potencialidades de cada participante do grupo e a reflexão feita sobre a prática docente é de fundamental importância, pois possibilita abrir caminhos, apontar alternativas para a construção de um currículo que atenda aos interesses dos estudantes e como conseqüência proporcionem melhoria na aprendizagem escolar.

Obstáculos: Pouco tempo para planejamento; romper com a linearidade dos conteúdos; entendimento sobre os conceitos de outras áreas.

Avanços: Maior envolvimento dos estudantes e motivação dos professores; contextualização dos conceitos e conteúdos; planejamento em grupo.

Propostas de seguimento:
            Como proposta de seguimento, estamos planejando encontros com vista a ampliar a compreensão de como realizar trabalhos desta natureza e, ao mesmo tempo, tornar o processo de ensino aprendizagem em ciências naturais e Biologia mais significativo para os estudantes.
            A partir da avaliação dos estudantes e professores pretende-se desenvolver nova SE de interesse dos mesmos e dar continuidade aos encontros de estudos e planejamento.

4- Referências Bibliográficas:
MALDANER, O., ZANON, Lenir. B. SE: uma organização curricular que extrapola a formação disciplinar em ciências. Espaço da escola, v.1, n. 41, p.45-60, jul/set.2001.
MARQUES, Mario Osório. A aprendizagem na mediação social do aprendido e da docência. Ijuí: Ed. Unijuí, 1995.
MORAES, Roque; MANCUSO, Ronaldo (orgs). Educação em Ciências – Produção de currículos e formação de professores. Ijuí: Ed. Unijuí, 204. 304 p.
NÓVOA, Antonio (org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
SCHNETZLER, R. P. In. MALDANER, Otavio Aloisio. A formação inicial e continuada de professores de química: Professores/Pesquisadores. Ijuí, RS. Ed. Unijuí. Coleção Educação em Química. 2000.
SILVA, Ilton Benoni  Inter-relação: A pedagogia da ciência - Uma leitura do discurso epistemológico de Gaston Bachelard. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1999.



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